Rostos na multidão | Valeria Luiselli
Ainda estou intrigada com a leitura deste livro. Começou muito bem, de forma confusa é certo mas conseguiu (talvez por isso) captar a minha atenção. Começamos por acompanhar uma mulher que nos fala de dois períodos distintos da sua vida. No presente é apresentada a normalidade, o passar dos dias sem nada a assinalar. No passado somos confrontados com a peculiaridade dos personagens.
Esta mulher - no passado - ficou obcecada pela obra de um poeta dos anos vinte chamado Owen e faz de tudo para convencer o seu chefe (director de uma pequena editora) a publicá-lo. A certo ponto Owen torna-se no personagem principal desta história - tanto ao assombrar esta mulher no metro quanto a contar-nos a sua versão da história.
Ainda antes de chegar a meio do livro dei por mim meia aborrecida, limitando-me a contemplar ao longe estas assombrações e vidas febris. Nas páginas finais percebi finalmente o que estava a acontecer (uma ideia original e desconcertante, há que dizer). As vidas dos personagens desdobram-se e aproximam-se como duas folhas demasiado finas para subsistirem sozinhas. Foi só aqui que senti alguma magia.
"As pessoas morrem, deixam irresponsavelmente um fantasma de si próprias por aí, e depois continuam a viver, original e fantasma, cada um por sua conta."