O vermelho e o negro | Stendhal
Romance escrito no séc XIX por Henri Beyle (Stendhal era um dos seus pseudónimos) que conta a história de Julien, um jovem ambicioso que pretende desprender-se das suas raízes humildes e encontrar a riqueza (mais pelo que representa a classe social do que pelo dinheiro propriamente dito).
A minha leitura deste livro foi como um ioiô, se nuns momentos estava a deliciar-me com as peripécias de Julien, noutros dava por mim aborrecida com a descrição dos salões, os encontros e as conversas dos personagens que lá se encontravam. Há partes deliciosas, escritas com minúcia e humor refinado. O amor de Julien pela senhora de Rênal é temperamental e tanto se apresenta sem artifícios como se deixa envolver por segundas intenções.
É um óptimo livro para quem tem curiosidade em descobrir mais sobre a diferença de classes na França do séc XIX, o poder e influência da Igreja nas decisões e é sobretudo um retrato acerca do grande véu que todos usavam na época para disfarçar as suas reais intenções, quase nunca nada é revelado tal como é, tudo faz parte de uma grande jogada da qual apenas conhecemos uma parte. Muito raramente as ações são o reflexo dos sentimentos. E o Julien é a maior prova disso. Um personagem inesquecível, muito bem construído.
Tive muitas alturas em que me pareceu estar a ler "Crime e Castigo", principalmente nos momentos de indecisão e questionamento de Julien. Apesar disso, "O vermelho e o negro" consegue ser menos maçador e mais eficaz na passagem da mensagem: é preciso conhecer a tristeza para se reconhecer a felicidade.
"Pelo menos, quando se praticam crimes, é preciso praticá-los com prazer: é a única coisa que têm de bom, e é a única razão que permite justificá-los um pouco..."
Minha pontuação no Goodreads: 3.5