O deslumbre de Cecilia Fluss | João Tordo
A família está reunida. E é bonita.
A trilogia chegou ao fim e eu cheguei ao fim dela. Com "O deslumbre de Cecilia Fluss", e à medida que o ia lendo, os círculos iam-se fechando e, no entanto, fico com a sensação que o autor podia continuar a escrever esta trilogia para sempre porque, na verdade, nada acaba. A busca não tem fim e a luta continua. Há lições importantes para todos os personagens (e também para o leitor). O livro é uma jornada impressionante e só mesmo um grande escritor para fazer com que todos os pontos se encontrem e, ainda por cima, de forma sublime. De uma forma muito geral fala-se de adolescência, amizade, amor, perda, medo, solidão e demência. Mas isso são apenas os meios de transporte utilizados para falar da vida e da condição humana - de que é que somos feitos? O que é que nos magoa (e porquê)? O que é que procuramos? E portanto é um convite à auto-análise, ao sentido das coisas, ao sofrimento que nunca parece terminar.
Escuso-me a falar da história porque acho que as sinopses, por vezes, acabam por diminuir um livro e este é grande, mesmo grande. Não consigo apontar nada de mau, ou sequer menos bom, o livro é brilhante. Partilhei o sofrimento com o Matias, a solidão com o Elias, a insatisfação com a Cecilia e um pouco de loucura com todos eles.
Vale muito a pena ler esta trilogia, desconfio que não haja nada tão verdadeiro como ela.
Precisamos, como disse um poeta, de ter paciência com tudo o que está por resolver nos nossos corações, de tentar amar as perguntas como se fossem livros escritos numa língua desconhecida, abraçar a inquietação como o território onde a nossa vida se desmultiplicará para, um dia, se unir em torno de uma resposta, à semelhança de uma família novamente reunida.
Minha pontuação no Goodreads: 5*