Morte em pleno verão | Yukio Mishima
Comecei lançada, ansiosa para descobrir a escrita deste autor. Este livro reúne 7 contos, no primeiro (que partilha o nome com o livro) fiquei desiludida, a situação pareceu-me demasiado explicada, não fui afectada pela tristeza da história.
Foi só no quarto conto que o autor me pareceu revelar um pouco da sua magia: suave e delicada. Continuei envolvida até ao penúltimo conto, "Patriotismo", na minha opinião o melhor de todo o livro. A história é devastadora, a forma de a contar alternando o doce com o brutal é curiosa, senti que finalmente entendia o fascínio pela escrita do autor. Mas fiquei por aqui, apenas este conto me revelou aquilo de que o autor seria capaz.
Nos contos são visíveis as diferenças que temos do povo japonês nos costumes, comportamentos e no papel de homem e mulher na sociedade. É interessante observar isso na escrita do autor e nas histórias apresentadas.
Terminei o último conto a muito custo e aborrecida com as descrições exaustivas que não me traziam nenhum esclarecimento, a força brutal do penúltimo conto cinge-se a ele e é o único que espero guardar na memória como verdadeiro reflexo deste autor. Nele é descrito um ritual normalmente desempenhado pelos samurais, o seppuku, que demonstra o "amor à pátria" e acompanha o fiel amor de uma esposa pelo seu marido.
"...o pensamento de que era a última vez fazia bater mais intensamente os seus corações e dilatava-lhes o peito. Dir-se-ia que as palavras "a última vez" se tinham inscrito, em pinceladas invisíveis, em todos os recantos dos seus corpos."