História do novo nome | Elena Ferrante
Eu já tinha adorado "A amiga genial". Na altura que li toda a gente falava desse livro mas era impossível imaginar a história maravilhosa que se adivinhava. Nas primeiras páginas lembro-me de ter estranhado a competitividade e inveja entre duas crianças tão pequenas e foi quase sem querer que dei por mim viciada no livro.
Olho para este segundo volume e só de olhar para a capa faltam-me as palavras (associo sempre a imagem da rapariga da capa a uma das personagens principais - Lila). Pensei que fosse demorar a entrar novamente na história (tendo já lido o primeiro volume há cerca de um ano) mas a narradora apanha-nos exactamente onde nos deixou para continuar a deslumbrar-nos.
As duas raparigas (será que já as posso chamar de mulheres?) são das personagens mais fantásticas e reais que alguma vez conheci. A escrita da autora é irrepreensível - profunda, analítica, detalhada. Lembra-me uma faca bem afiada. Alguns acontecimentos deste volume deixaram-me abismada, não os previa e um deles em especial foi mesmo como levar um soco na cara (creio que a Elena, a nossa narradora, concordará comigo).
Para além das dinâmicas entre os personagens (que são muitos e todos bem construídos) vemos o retrato de Itália: os problemas económicos, o papel ainda rejeitado (ou mal visto) da mulher na sociedade, as dificuldades dos jovens em perseguir algum tipo de sonho de vida.
O livro é recheado de acontecimentos e reviravoltas, a vida "normal" ou quotidiana quase não tem espaço neste livro, o mais importante destas vidas é aqui exaltado de forma muito bonita. Há raiva e inveja (a indiferença é muito difícil para estas personagens) e palavras tão maldosas que por vezes custa ler. Senti-me a todo momento tentada a intervir nestas vidas, em moldá-las de forma justa. Claro que não foi possível. Fiquei a assistir com um misto de surpresa e deleite a forma como as linhas destas vidas se destruíam para mais tarde se voltarem a entrelaçar. Adorei.
Tudo neste mundo era periclitante, puro risco, e quem não estava disposto a arriscar ficava a definhar a um canto, sem ter intimidade com a vida.
Minha pontuação no Goodreads: 5*