Flores | Afonso Cruz
Este livro provocou-me um misto de sensações. Começei por adorá-lo logo nas primeiras páginas mas não consegui manter esse sentimento até ao final no livro, o que me deixa com um sabor agridoce.
Afonso Cruz tem um ritmo de escrita acelerado, utilizando um vocabulário simples e não esquecendo a música de fundo. Troca de personagem e de história sem medo de se perder "atirando-se de cabeça à escrita". Através de uma das personagens, o Sr. Ulme, consegue apontar magistralmente as falhas e defeitos humanos. Adorei esta personagem, por ser tão real e querida ao mesmo tempo.
No entanto, e na minha opinião, algumas das passagens do livro são repetitivas e confusas. Os sentimentos do personagem principal não são muito desenvolvidos, simplesmente aparecem numa frase ou parágrafo poético. Não sinto a sua evolução ao longo do livro e falta-lhe alma (poderá, no entanto, ser esse o intuito do autor). O final não me trouxe as respostas que eu procurava para os personagens e fiquei com a sensação que poderia ter sido muito melhor.
Isto não invalida a mensagem do livro que me tocou, há flores por todo o lado. Por vezes, temos que abrir bem os olhos para as ver. Outras, temos que as plantar e cuidar para que prosperem.
Há uma passagem do livro em que o personagem principal descreve uma indisposição, sente-se mesmo enjoado e agoniado, descrevendo ao mesmo tempo alguns acontecimentos que o fazem sentir assim. Eu senti-me genuinamente enjoada tal como o personagem. E isso é, sem dúvida, notável.
Lembro-me do tempo em que os meus dedos eram flores antigas, que despontavam apenas quando tocavam a tua pele. Mas e agora, Clarisse, para onde foram esses meses de Primavera que faziam a nossa vida florir? Levanto o coração, como se faz a um tapete, para ver se não há nada debaixo dele.
Minha pontuação no Goodreads: 3*