Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
"Ser maldito é desejarmos ser como os outros, mas não conseguirmos. E querer que nos amem, mas só causarmos medo, talvez riso. Ser maldito é não suportarmos a vida e, sobretudo, não nos suportarmos a nós próprios."
Uma parte fundamental da leitura é a partilha e é precisamente nesses momentos que por vezes se encontram as maiores pérolas. Estes são os blogs e canais que sigo com maior regularidade e que mais influenciam as minhas escolhas. Em baixo destaco alguns vídeos e/ou textos publicados ao longo do ano 2017. Não deixem de ver!
Alexandra, do blog Gira-Livros (actualmente administra também o blog Mais Mulheres Por Favor) | Opinião "Nadar na piscina dos pequenos" de Golgona Anghel
Cláudia, do blog e cana A Mulher que Ama Livros | Opinião "As oito montanhas" de Paolo Congnetti
Márcia, do canal Ser mais do que apenas | Opinião "Nossa Senhora de Paris" de Victor Hugo
Sandra, do blog Say Hello to my Books | Opinião "Travessia de Verão" de Truman Capote
Dora, do canal Books & Movies | Opinião "O livro dos Baltimore" de Joël Dicker
Cristina, do blog e canal Books & Beers | Opinião "Assaltos à Padaria" de Haruki Murakami e "As cores de Branca" de Lara Morgado
Hugo, do canal Aprendiz de Leitor | Opinião "Onde os Últimos Pássaros Cantaram" de Kate Wilhelm e "Morte em Pleno Verão" de Yukio Mishima)
Sónia, do canal Livraria Imperfeita | Opinião "A arte de morrer longe" de Mário de Carvalho
Patrícia, do canal O Prazer das coisas | Diversas opiniões (destaque para "As Aventuras de Huckleberry Finn" de Mark Twain)
Maganet, do canal com o mesmo nome | Opinião "Eleanor & Park" de Rainbow Rowell
Rita Faria, do canal The Bookmark | Opinião "O leitor do comboio" de Jean-Paul Didierlaurent
Elisa, do canal Miúda Geek | Opinião "Norma" de Sofi Oksanen
Raquel, do canal So happy with books | Opinião "Wonder" de R.J.Palacio
Jessica, do canal Companhia Literária | Opinião "A charneca ao entardecer" de Florbela Espanca
Daniela, do blog Mente Literária | Opinião "O Barão de Lavos" de Abel Botelho
Bárbara, do blog Bárbara Reviews Blog | Compras na Feira do Livro de Lisboa
Ler este livro é como espreitar por uma porta entreaberta, tive a sensação de estar a ler algo que não deveria, a folhear as páginas de um diário às escondidas. O protagonista é levado a todos os limites: do amor, da culpa, da dor física, do sofrimento. A certo ponto torna-se difícil acompanhá-lo, vê-lo levar tantos pontapés (alguns literais) e manter-nos à margem. Nessa altura há qualquer coisa que nos faz vaguear pelas divisões da casa, como se procurássemos desesperadamente uma solução, uma saída. Acompanhamos um estudante recém-chegado a Nova Iorque que parece dar por si em situações cada vez mais difíceis de resolver, como se a sua vida se fosse tornando num novelo impossível de desembaraçar. E nós sabemos, logo ao princípio sabemos que vai tudo correr mal. Ler este livro é como caminhar por um túnel escuro onde pressentimos sombras e fantasmas que nunca se revelam, pelo meio surge o cheiro a queimado e vamo-nos perguntando "o que estará a arder?".
Hotel Memória é o pior sítio do mundo para o protagonista, pois ele conhece o seu passado e parece adivinhar os seus maiores receios. Quando ele chega a este lugar já está destruído, pensamos nós. Mas não, há sempre um pedaço que permanece intacto e no Hotel Memória todos eles são impiedosamente destruídos. Porém o livro não vive só deste rapaz, temos personagens marcantes como Daniel da Silva (um fadista português desaparecido), Samuel (um excêntrico milionário russo), Kim (a rapariga enigmática) entre outras personagens secundárias igualmente memoráveis. Assim, neste livro o autor consegue combinar um pouco de quase tudo: mistério, aventura e policial com uma preocupação pelo desenvolvimento dos personagens que normalmente não encontramos neste género de livros.
No meu caso, como fiz a viagem ao contrário (começando pela trilogia) está a ser duplamente interessante descobrir as bases que lhe permitiram torna-se naquilo que é hoje: um belíssimo escritor.
Vale a pena procurar por este livro nos sítios mais improváveis, actualmente não se encontra à venda mas faz muita falta nas prateleiras.
"Quando o medo tomou conta, a primeira coisa a desaparecer foi o tecto sobre a minha cabeça."
Com este livro Afonso Cruz estreia-se na literatura de viagens, fala-nos do ser viajante, do viajar para nos encontrarmos no outro. O evento realizou-se na livraria Ferin e contou com as intervenções de Clara Capitão (editora e representante da Companhia das Letras), Pedro Vieira e Pedro Mota (tendo este também escrito o prefácio do livro). Em "Jalan Jalan" o autor conta-nos alguns episódios insólitos das suas viagens e aproveita para reflectir explorando o tempo e o espaço à sua velocidade.
O que é o tempo? Quais as transformações que uma viagem pode operar em nós? Como foram escolhidos os destinos? Qual é a diferença entre um turista e um viajante? Como é que este livro aconteceu? Estas foram algumas das questões discutidas.
Foi óptimo sentir o entusiamo do astrofísico Pedro Mota em relação ao livro e notava-se sincera a admiração que nutre pelo autor Afonso Cruz. O autor teve também oportunidade de partilhar com os presentes algumas das situações mais engraçadas com que se deparou durante as suas viagens. Aproveito também para citar Pedro Mota o mais aproximadamente possível "as histórias deste livro são pérolas, é precioso aquilo que encontramos dentro dele."
A curiosidade pelo conteúdo do livro foi aguçada e será com certeza uma viagem para breve.
Jalan jalan, a repetição da palavra, que muitas vezes forma o plural, significa, neste caso, passear. Passear é andar duas vezes. (…) Passear é o que fazemos para não chegar a um destino, não se mede pela distância nem pela técnica de colocar um pé à frente do outro, mas sim pelo modo como a paisagem nos comoveu ou como o voo de um pássaro nos tocou.
Trouxe este livro de uma troca e na altura prometi que não o podia deixar esquecido na estante. Foi durante o #lerosnossos que resolvi pegar nele e conhecer a escrita de Pedro Vieira (escritor, ilustrador e bloguista). Descobri, depois de o ler, que com este livro ganhou o prémio P.E.N. Clube Português para Primeira Obra em 2012.
Entrei nas primeiras páginas com estranheza, sem perceber o que o autor me queria dizer, foi só depois de umas páginas que começou a fazer sentido. O livro começa com o trágico final, as personagens estão reunidas no mesmo sítio e cada uma delas nos é apresentada de forma muito pouco convencional. Começamos por saber para onde se dirigem, o que pretendem, as suas preocupações, as frases que ecoam nas suas cabeças. E se ao início não conseguimos ver os fios que os unem, ao longo da narrativa vai-se tornando cada vez mais claro.
Apesar de a história não me ter fascinado, senti-a demasiado real (e talvez por isso banal), a escrita surpreendeu-me muito. Custou-me um pouco entender a sua lógica porém acabou por fluir muito bem. Deu para conhecer uma escrita muito rica, bem apresentada, o autor parece ser mestre na utilização e manipulação das palavras. Vou querer ler mais.
Leituras programadas para o mês de dezembro e resumo das leituras de novembro.
Como foi o vosso mês? O que planeiam ler antes do final do ano?