#2. Holly diz...opinião "A velocidade da luz" de Javier Cercas
Foi assim o primeiro contacto que tive com a escrita de Javíer Cercas, há muito tempo que o mantinha na estante com a vontade crescente de lhe pegar. Este é um livro aberto, onde encontrei muitas reflexões que me fizeram pensar. Foram essas as minhas partes preferidas: os pequenos momentos de introspeção onde os personagens discutiam e me faziam crescer enquanto leitora. Senti que todas aquelas ideias trocadas eram verdadeiras, tão simples e tão duras ao mesmo tempo. Por vezes também me senti encurralada com estas ideias, como se a realidade das mesmas me apertasse um pouco a garganta. Duas personagens muito bem construídas, amigos e antagonistas. Inimigos e salvadores um do outro. A dualidade da vida sempre presente em cada recanto do livro. As duas faces da moeda, tão distintas e tão frequentemente próximas. O abismo logo depois da felicidade. O mal que trazemos para nós próprios e tudo aquilo que não conseguimos evitar (e porquê? Acho que nunca saberemos). Vejo este livro como um desafio. Uma chamada à ação.
Ficou a amargura de por vezes me ter sentido posta de fora nesta história. Nem sempre me senti presente e por isso resisto ainda um pouco a render-me completamente. Mais livros de Javíer Cercas me esperam na estante e não os quero adiar demasiado.
"...só se pode escrever quando se escreve como se estivéssemos mortos e a escrita fosse a única forma de evocar a vida, o último cordão que ainda nos liga a ela."